Uma enquete pública promovida pelo CONITEC – Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – acabou de colher sugestões e contribuições da Sociedade Civil e de profissionais de saúde para elaborar um documento único que reúna recomendações para a assistência de adultos portadores de sobrepeso e obesidade atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa é que o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) ajude a implementar políticas públicas efetivas para o controle destas doenças com atendimentos qualificados, recomendações adequadas e uma conduta terapêutica assertiva. Conforme divulgado pelo Ministério da Saúde, o objetivo é deter o crescimento da obesidade e do sobrepeso na população adulta e, para isso, é fundamental que os profissionais de saúde desenvolvam suas práticas de atenção à saúde com base nas melhores evidências científicas disponíveis.
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A obesidade e o sobrepeso já são tratados como epidemia no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), elas quase triplicaram desde 1975. Em 2016, mais de 1,9 bilhão de adultos, com 18 anos ou mais, apresentavam excesso de peso. Destes, mais de 650 milhões eram obesos. No Brasil, dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2017, revelaram que quase 1 em cada 5 brasileiros (18,9%) estão obesos e que mais da metade da população das capitais brasileiras (54,0%) estão com excesso de peso. |
Para Doutor Antônio Carlos do Nascimento, a crença generalizada de que só dietas e exercícios físicos são suficientes para levar a um emagrecimento sustentado não contribui para o sucesso de um programa eficaz para reduzir as taxas de obesidade e sobrepeso na população. Para ele, a simples adoção de conceitos dietéticos (dietas da moda) e o mero estímulo as práticas de exercícios, raras vezes, levam a emagrecimentos sustentados, “o que eu tenho por afirmar é que dieta por si só não emagrece. Os exercícios melhoram a vida como um todo mas nunca patrocinam a perda de peso sustentado. Se considerarmos esses aspectos como únicas opções incontestes para o tratamento da obesidade e sobrepeso o resultado será uma grande frustração coletiva”.
Para o Doutor Antônio Carlos, a logística do emagrecimento percorre outras veredas. Para ele, ainda que um jovem, com a simples retirada de refrigerantes, doces e sanduíches, possa diminuir o seu peso de maneira importante, oi sistema metabólico sempre estará pronto a fazer o maior peso que aquele organismo alcançou , ou seja, se alcançamos 100 quilos, estaremos sempre com o tendencioso destino de 100 quilos, ainda que tenhamos alcançado os 60 quilos. “Todo sistema metabólico aguarda ansiosamente material para fazer os 100 quilos e pouco importa se você diminuiu o peso com remédios, com exercícios, dieta ou soma de todos estes. O termostato do peso é sempre pelo maior e não existe nenhum dado científico que justifique a afirmação de que se perdemos 10 quilos vamos permanecer 10 meses com o novo peso adquirido ou se mantivermos por dois anos o novo peso não engordaremos mais “, destaca o médico.
O Doutor Antônio Carlos ,faz questão de deixar claro que as dietas são importantes para modificar a vida das pessoas em todos os aspectos e que os exercícios vão trazer benefícios em todos os sistemas, notadamente o sistema cardiovascular. Mas, ele considera, que elas levam, geralmente, a reduções pontuais de peso. “É óbvio que os benefícios que essas condutas trazem são evidentes. Mas a busca pela redução de peso sustentado é que deve orientar a formatação de qualquer política pública efetiva para combater essa epidemia. “, afirma.
O endocrinologista afirma que é preciso ações efetivas de fiscalização e redução na produção de alimentos modulados em nível industrial, que costumam se utilizar de substâncias que trazem prejuízos para o público infantil. Como está hoje, segundo ele, a tendência ainda é de que nossas crianças deverão chegar na vida adulta com um perfil de peso e saúde ainda preocupantes. |
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O médico acredita que o novo Protocolo do MS só será eficaz se trouxer, não só o estímulo a prática de exercícios e de uma alimentação balanceada, mas também a necessidade do acompanhamento adequado do paciente, com a prescrição de dietas permanentes e até o uso de fármacos que já apresentaram resultados agudos extremamente interessantes. “Já possuímos medicações que dão sustentabilidade à perda de peso de maneira judiciosa do que as que possuíamos até há alguns anos. As velhas e conhecidas anfetaminas, o orlistat (xenical), sibutramina (reductil e plenty), quando bem indicadas trazem excepcionais resultados terapêuticos, fornecendo melhoras na qualidade da vida por diminuição dos níveis pressóricos, nos níveis de glicemia, fertilidade, sexualidade e muitas vezes por reincorporar o indivíduo no convívio social. O arsenal terapêutico existe para ser usado, para fazer dormir quem não dorme, tirar a dor de quem sente dor, baixar pressão nos hipertensos, controlar glicemia dos diabéticos e também porque não diminuir peso dos obesos?”, conclui o especialista.
Dr. Antonio Carlos do Nascimento é médico especialista em endocrinologia e metabologia. – CRM: 75.426
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