O que fazer no fim de semana em São Paulo por Reinaldo Calazans

Dicas

Vila Economizadora: história e arquitetura do século passado

Vila Economizadora

A construção foi realizada na época do processo de industrialização, para facilitar a locomoção para os operários que trabalhavam em regiões próximas. Com o aumento da produção de café, a cidade começou a investir mais em construções e moradias. Em sua forma original, a vila Economizadora foi construída com 147 casas, sendo 127  feitas para moradias e as outras 20 para os comércios.

O empreiteiro responsável pela obra, o italiano Antônio Bocchini, em parceria com a Sociedade Economizadora Paulista, dividiu o local em cinco ruas deixando a vila entre duas principais vias da cidade, a Avenida do Estado e a Rua São Caetano. A construção marcou a história da cidade de São Paulo, pois, as grandes indústrias tinham suas instalações e sedes próximas aos rios e linhas ferroviárias, fator que contribuía para a locomoção dos produtos e dos funcionários para as empresas nas quais prestavam serviços.

O projeto de construção foi assinado pelo arquiteto Giuseppe Sacchettie, oito tipos de residências foram construídos no plano térreo, com áreas como porão. As paredes eram de alvenaria e cobertura de cerâmica, todas com forro de madeira, que era muito utilizado na época. As instalações de sanitários ficavam nas áreas externas. Um padrão foi estipulado para as construções das casas: os telhados foram feitos de telhas de barro com estilo francês, nas fachadas foram utilizadas argamassa ou estuque para compor os elementos decorativos, barras horizontais e frisos estão presentes nas paredes frontais e externas.

Os critérios de pintura, seguem uma sintonia: as cores, originalmente, são camurças, as portas e janelas têm a cor marrom avermelhado. Nas molduras em relevos, que fazem contornos na arquitetura, foram utilizadas cores claras como a cor branca. Nos dias de hoje, a vila Economizadora mantém sua originalidade, porém, algumas residências estão em estado de alerta devido à deterioração que assombra o local. A grande maioria dos moradores é de família de imigrantes bolivianos, que prestam serviços às empresas de confecções que ficam entorno da vila.

Diferente da época que foi construída os comércios não são mais vistos com frequências entre uma casa ou outra.

Serviço

Endereço: Rua Economizadora, 11 – Luz, São Paulo – SP, 01103-040

 

Vila dos Ingleses: influência na arquitetura vitoriana, charme e muita historia até os dias de hoje

Vila dos Ingleses

Com influência na arquitetura vitoriana, as construções foram realizadas para abrigar engenheiros ingleses que trabalhavam na estão da Luz. Anos antes, o local abrigava o jardim de um palacete que pertencia à Marquesa de Itu.

O terreno foi doado para a sobrinha neta da Marquesa, Eliza de Aguiar D’Andrada, casada com o engenheiro Eduardo de Aguiar D’Andrada responsável pela remodelagem da construção no intuito de abrigar familiares dos engenheiros que chegavam no Brasil.

A vila foi construída nos primórdios do regime republicano, época importante para a cidade de São Paulo. A cidade já era considerada como primordial e uma das principais devido à era do café. As ferrovias foram  pontos primordiais para a construção da Vila dos Ingleses. Neste período, grandes mudanças na estrutura comercial e financeira da cidade começaram a acontecer. Por volta de 1890 eram cerca de 70 mil habitantes já em 1920, 579 mil. Era perceptível o desenvolvimento urbano.

São 28 sobrados, todos projetados pelo arquiteto Germano Bresser e construídos com a vistoria e supervisão do engenheiro chinelo Eduardo de Aguiar D’Andrada, técnico responsável pela construção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí e da, famosa e pomposa, Estação da Luz.

Construídas sob um terreno plano de 5.468 m², as casas possuem 3 andares, erguidos em alvenaria e em concreto armado. A estrutura conta com telhados franceses e é de madeira. O estilo normando é caracterizado pelos arcos arredondados sempre postos por cima das portas e janelas.

Diferente das outras vilas, as construções das moradias eram peculiares, por não serem feitas para abrigar os trabalhadores e nem os operários. Era um investimento particular criado para os engenheiros que trabalhavam nas obras ferroviárias.

No ano de 1925 a mão de obra dos engenheiros começou a diminuir e, devido a este fator, as casas começaram a ser habitadas por famílias de classe média alta paulistana.

A crise de 1929 foi o período que as famílias mais começaram a ocupar a vila. Em 1945, os comerciários começam a tomar conta da região. Diante disso, as famílias ricas começaram a migrar para outros bairros, conhecidos hoje como Higienópolis, Santa Cecilia e Consolação.

A degradação foi vista logo em seguida, a desvalorização do bairro ocorreu devido à construção de um presídio e a presença de uma rodoviária. As pensões e hotéis também fizeram parta degradação da região.

A população que se instalou na região foram os nordestinos, os hotéis e pensões eram utilizados para abrigar as pessoas recém-chegadas de viagem.

Na década de 50, o engenheiro ainda dono da vila, decidiu transferir a administração para seu neto, François Moreau. As casas já estavam bem degradadas, valores de impostos e alugueis não eram suficientes para manter o local. Na tentativa de manter o local habitável, e sair da crise financeira, o novo administrador realizou algumas reformas para atender os novos moradores. O lugar virou um pensionato católico que servia de hospedaria e clube para funcionários federais.

Na década seguinte, com a instalação do canteiro de obras da construção da linha de metro o lugar voltou a piorar. A lei de zoneamento foi fundamental para que os administradores não pudessem mexer na infraestrutura dos sobrados sem que antes fosse avisada a prefeitura de São Paulo.

Muito importante na história da imigração dos Ingleses, a vila nos deixa um referencial arquitetônico e cultural muito rico, mostrando que sua contribuição foi fundamental na época da industrialização e nas transformações políticas e econômicas.

Em 1992, o processo de tombamento foi realizado pelo CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo).

No dia 3 de agosto de 2000, ocorreu o tombamento provisório realizado pelo Iphan. Já em 2012 a vila começou a ter proteção do (Condephaat).

Atualmente o local é bem diferente da época da construção, o perfil comercial deu espaço para empresas e um restaurante.

É importante salientar que a região é vítima de um desgaste urbano, local que implica falta de estrutura urbanística e tornou-se ponto de moradores em situação de rua e usuários de drogas. Atualmente as casas da vila são utilizadas como ponto comercial abrigando desde escritórios até restaurante.

Serviço

Próximo à estação da Luz

Rua Mauá, 836, Centro 01028-000

 

 

 Reinaldo Calazans é especialista em cultura.

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