Quando uma empresa e um candidato não se comprometem com a transparência no processo seletivo, provavelmente ambos irão ferir essa relação em pouco tempo. Por isso é necessário que os dois lados sejam íntegros em suas ofertas e ambições.

Sabe aquele velho ditado do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”? Pois é. Seja sobre moral, ética, política, religião, sustentabilidade, educação dos filhos ou o clima, não me recordo de um período de tantas opiniões, análises ou julgamentos como agora.

Mas será que todo este discurso lançado condiz mesmo com a prática? Infelizmente, tenho percebido que não. E choco-me mais ainda quando percebo essa ocorrência advinda de profissionais e de dentro de algumas empresas.

No livro “O Que Realmente Importa”, o autor Anderson Cavalcante faz uma definição interessante sobre integridade. “Integridade é ter coerência entre pensamento, sentimento e comportamento. Ou seja, é falar o que você pensa e fazer o que você fala”.

Nessas horas, sempre me vêm à cabeça aqueles anúncios fantásticos de produtos da TV, com inúmeros benefícios, em que você compra a ideia e ao receber o produto em casa, descobre que não era bem assim. Então vem a decepção, que costuma ser gigantesca e afeta ainda a imagem da empresa em que você confiou.

No mercado atual, a relação de integridade inicia-se, ou deveria iniciar-se, desde o momento do processo seletivo. Cabe à empresa deixar clara as atividades do cargo e cabe também ao candidato, manter a honestidade sobre suas reais qualificações em seu currículo. Quando ambos não se comprometem com a transparência no processo, provavelmente irão ferir essa relação em pouco tempo.

Não existe acordo bem feito sem integridade. Penso ser este o momento de reavaliarmos a nossa como pessoas e como profissionais responsáveis dentro das organizações. Como pregar honestidade aos quatro cantos se não devolvemos o troco recebido a mais? Como falar de corrupção se, na esquina, compro produtos pirata, roubo a internet do vizinho ou pego o jornal na portaria antes que alguém veja?

Precisamos nos esforçar diariamente para dizer “não”, quando o “lado B” tenta suprimir o “lado A”. Quando traímos nossa integridade e tudo aquilo em que acreditamos, estamos abrindo espaço para que valores negativos se sobreponham sobre o que é correto. Ensinamos errado aos nossos filhos ou funcionários, além de estarmos contribuindo para uma sociedade menos digna.

Não se trata de uma visão romancista do trabalho ou das relações, nem de extinguir toda a ferocidade que a concorrência e a vida diária nos exigem. Mas sim, de ficarmos atentos para que, mesmo nas mínimas ações, não percamos este valor tão importante. Estes são os valores de um bom profissional integro que contribui com um mundo melhor.

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